Há muito tempo sustentamos que a verdade sobre a URSS, em geral, e particularmente o perÃodo de Stalin, tem sido objeto de um cÃnico, canalha e até compreensÃvel esforço de propaganda jamais visto nos anais da história.
Escrito
por PATRICE GREANVILLE para o RUSSIA INSIDER
Traduzido por Ramon Carlos
Traduzido por Ramon Carlos
Nota do tradutor: A ideia deste texto não é "inocentar" Stalin, nem fazer um concurso para ver "quem foi pior". Este é um assunto que envolve a propaganda como arma polÃtica anti-comunista, de modo que a intenção nunca foi uma análise crÃtica, mas pura propaganda. O texto ainda contem um link de um outro texto de Domenico Losurdo sobre a máquina de mentiras do ocidente, determinante para as ações da OTAN nos Balcãs.
Por
razões de puro interesse de classe entre os plutocratas do Ocidente, as elites
empresariais que ainda governam a maioria das chamadas "democracias
capitalistas", a demonização de Stalin era uma necessidade, uma campanha
apenas brevemente interrompida pela Segunda Guerra Mundial e rapidamente
retomada literalmente algumas horas após o seu final.
As
elites ocidentais - com a cúpula de dirigentes americanos na liderança - viram
corretamente um inimigo em Stalin. Eles não podiam suborná-lo e não podiam
intimidá-lo. Nem poderiam facilmente derrubá-lo, como haviam feito (e ainda
fazem) inúmeras vezes com "lÃderes inconvenientes" mais fracos. Além
disso, Stalin estava à frente de uma nação poderosa e lÃder titular de uma
ideologia diretamente oposta a seus indispensáveis interesses do sistema econômicos.
Diplomacia ocasional de lado, eles o odiavam. Ele e sua nação ficaram no
caminho de seus planos para a hegemonia global. Então o veneno teve que fluir e
assim se fez - abundantemente. E nesse empreendimento sórdido, as elites
capitalistas encontraram inúmeros aliados, sem mencionar os batalhões comuns de
idiotas ignorantes e úteis.
Aliás, publicamos aqui um texto de Domenico Losurdo -
Como
qualquer estudante de propaganda irá atestar, quando difamar as polÃticas e os
valores sociais de uma nação, é muito mais fácil (e eficaz) se o propagandista mirar
a máquina da Grande Mentira em seu lÃder. Como vimos nos últimos tempos com
Gaddafi, Saddam Hussein, Bashar al-Assad, Fidel Castro, Irã e Coréia do Norte,
Hugo Chávez da Venezuela e, finalmente, Putin - entre muitos outros (o império
nunca está sem “inimigos perigosos”) - O assassinato de caráter de um lÃder é
uma velha tática para preparar a população doméstica perenemente ignorada para
um ataque à nação visada.
Churchill assassinou centenas de milhares de mulheres e crianças alemãs indefesas em bombardeios quando a Alemanha já havia perdido a guerra. Ele era um monstro. |
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Nessa
perspectiva, não é difÃcil ver que, se o Ministério da Verdade pudesse
completar rapidamente a demonização total de Vladimir Putin e nem mesmo um
socialista declarado, pode-se imaginar que ultrajantes fabricações eles
poderiam inventaram (e fizeram) para isolar a imagem de Stalin, um comunista
declarado, ao longo de várias décadas. Isso fez sentido eminente para os
guardiões doutrinários do Ocidente. Tendo em vista a identificação do longo
governo de Stálin com a União Soviética em seu nÃvel mais agudo, o
enegrecimento do nome de Stalin serviu a um propósito importante: fornecer aos
propagandistas ocidentais uma inestimável abreviação - um "sÃmbolo
irrefutável" do mal putativo do comunismo - para bloquear a própria ideia
do genuÃno socialismo como uma opção para a humanidade.
O
precedente obviamente não é argumentar que Stalin era um lÃder impecável, ou um
santo que por acaso tinha um exército poderoso, ou que não cometeu erros
sérios. E ele cometeu. No entanto, a justiça mais elementar exige que
perguntemos: que figura histórica mundial confrontada com escolhas extremamente
difÃceis emerge hoje (excluindo a propaganda ideológica de self-service) ilesa
de um exame próximo e imparcial?
Julgando
Stalin pelo contexto em que ele tinha que agir, e ainda mais importante, os
propósitos que ele servia, ele não era pior, moralmente, do que a maioria dos
lÃderes ocidentais, e por qualquer medida racional, provavelmente até um pouco
melhor. Pois quem são esses distintos senhores que lideraram o Ocidente há mais
de um século?
Churchill,
o membro mais venerado do clube, era um racista e imperialista sem remorso que
na década de 1920 endossou a polÃtica de bombardeio da RAF (Royal Air Force) e
de “gasear” aldeias iraquianas (Mesopotâmia) em submissão, por falta de
pagamento de impostos atribuÃdos. JFK, Lyndon Johnson e Nixon perseguiram uma
guerra genérica, ilegÃtima, bárbara no Vietnã, que continua sendo um dos
horrores do imperialismo moderno. Truman lançou a bomba contra os japoneses
como uma maneira de manter os soviéticos “em linha”, tornando os Estados
Unidos, até agora, o único paÃs que usou armas nucleares em uma população
civil. E durante o pós-guerra, os tentáculos dos EUA, atuando principalmente
através da CIA e de seus clientes, conseguiram assassinar e reprimir dezenas de
milhões de pessoas em todo o mundo - em todas as latitudes e dezenas de nações,
das Filipinas à Indonésia e do Chile para a Nicarágua, para o Irã, o Congo, a
Coréia, todo o Oriente Médio, literalmente banhados em sangue - sempre em busca
de vantagem geoestratégica e a supressão da democracia popular, a fim de
permitir melhor a continuação e maximização do lucro corporativo. Tudo pela
perfÃdia inerente do comunismo e inocência angelical do capitalismo.
O
registro é agora tão grande e consistente, a hipocrisia tão surpreendente, que
podemos afirmar categoricamente que não há um único caso em que os EUA usaram
seu imenso poder diplomático e militar para apoiar um genuÃno lÃder democrático
(tais pessoas são imediatamente rotuladas como “comunistas” e tratados de
acordo com isso) ou ajudaram as pessoas que lutam pela liberdade da opressão de
classe. É um registro vil e hipócrita que continua até hoje, graças à completa
lavagem cerebral à qual a população americana foi submetida como medida de
pacificação preventiva. A coisa toda está amplamente documentada, então não faz
sentido tentar refutar isso.
Seja
como for, recuperar a verdade sobre Stalin e a URSS do lixo da propaganda
hostil em que os inimigos do socialismo a situam, assistido pelos esquerdistas
anti-comunistas e especialmente anti-stalinistas perenemente equivocados e
muitas vezes fanáticos, não é tarefa para o fraco de coração.
A
Grande Mentira deve ser derrotada se uma paz duradoura for alcançada pela
humanidade.
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