Operação Amazônia: A Nova Invasão Silenciosa Dos EUA na América Latina - Estado Alterado

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quinta-feira, 24 de maio de 2018

Operação Amazônia: A Nova Invasão Silenciosa Dos EUA na América Latina



Se você já aprendeu a história da América Latina na escola, sabe que muitas vezes é ensinado que a última invasão militar dos EUA na região aconteceu no Panamá em 1989.
Foi quando Washington ordenou a expulsão do antigo governante panamenho Manuel Noriega, um antigo colaborador da CIA que se voltou contra seus senhores imperiais.

Desde então, a maioria dos educadores ocidentais afirmam que a presença militar dos Estados Unidos na América Latina foi mínima. No entanto, qualquer um que tenha seguido a subsequente "Guerra às Drogas" no México, o Plan Colombia e o golpe militar apoiado pelos EUA em Honduras podem atestar o ridículo dessa reivindicação.

Os Estados Unidos de fato mantiveram sua presença militar na América Latina, mas de formas que foram silenciadas na grande mídia. Essa onipresença aparentemente invisível destina-se a preservar o domínio do império na região sem a má imprensa que acompanha a ocupação declarada.

O exemplo mais recente disso é o AMAZONLOG, uma série de exercícios militares liderados pelos EUA nas profundezas da selva amazônica do Brasil.

Entre os dias 6 e 13 de novembro, tropas do Brasil, Peru e Colômbia - sob a orientação do Comando Sul dos EUA - realizaram esses exercícios perto de Tabatinga, uma área de selva remota que fica na fronteira entre os três países mencionados. Duas fases anteriores da AMAZONLOG, que ocorreram em agosto e setembro, foram realizadas na vizinha Manaus, a maior cidade da Amazônia.

Washington afirmou que os exercícios são destinados a melhorar a assistência humanitária e o socorro a desastres na área. Mas, como apontou o presidente boliviano Evo Morales, seu único objetivo é manter uma fortaleza imperialista no coração da América do Sul.
E apesar de serem os maiores exercícios militares realizados na história da Amazônia brasileira, apenas um punhado de publicações cobriu-os. Um olhar sobre a importância geopolítica da região revela por que a AMAZONLOG representa a nova invasão silenciosa dos EUA na América Latina.

Estado do Amazonas - Brasil

Brasil
Desde que o presidente da direita, Michel Temer, assumiu o cargo em 2016, o país sul-americano voltou a ser um estado cliente de Washington. Não só ele cortou programas públicos introduzidos por governos progressistas anteriores, beneficiando multinacionais privadas baseadas em Wall Street. Ele também convidou abertamente as Forças Armadas dos EUA a se instalarem na Amazônia, criando uma nova plataforma militar para os imperialistas.

É importante notar que esta é a mesma área onde grupos revolucionários como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra têm fortes bases de apoio contra Temer e seu regime neoliberal. Para Washington, o controle sobre a Amazônia brasileira é de interesse geopolítico crucial. Isso permite que seu cúmplice, Temer, permaneça no poder enquanto constrói sua força militar em um local com acesso próximo a vários países.

Peru
No Peru, mineradoras estrangeiras apoiadas pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski exploraram impiedosamente a região amazônica do país em busca de recursos valiosos, como madeira e ouro. Uma série de mineradores ilegais na área roubou a riqueza que pertence aos povos indígenas enquanto destrói seu meio ambiente.

A região amazônica do Peru também abriga grupos revolucionários indígenas e ambientalistas que lideraram protestos contra o extrativismo de Kuczynski. Manter uma fortaleza neste local também permite que Washington mantenha no cárcere outro cúmplice, Kuczynski, enquanto lucra com madeira e ouro saqueados das terras ancestrais.

Colômbia
O acesso à Colômbia, outro estado cliente dos Estados Unidos, apresenta benefícios adicionais para Washington. O controle da Amazônia brasileira permite que o Comando Sul dos EUA atravesse facilmente a fronteira da Amazônia colombiana, uma base de apoio a revolucionários grupos camponeses e ex-guerrilheiros.

Esta é também uma área onde os paramilitares de direita apoiados por Washington e Bogotá cometem alguns dos mais atrozes assassinatos e violações dos direitos humanos dos suspeitos de serem comunistas ou agitadores. Ao ter outra fortaleza militar perto da fronteira Amazônia Colômbia-Brasil, os Estados Unidos podem fornecer refúgio aos paramilitares que fazem seu trabalho sujo na região. Eles também podem controlar o tráfico de drogas lá, no qual o governo dos EUA foi implicado.

Venezuela e Bolívia
Finalmente, há a Venezuela e a Bolívia, os mais ferozes combatentes do continente contra o imperialismo norte-americano. O Estado do Amazonas, espremido entre os dois países, é um local ideal de pressão contra esses governos socialistas revolucionários, que minaram sua autoridade. Assim como os Estados Unidos usaram Honduras como base de operações durante os anos 1980 contra movimentos revolucionários na Nicarágua e em El Salvador, estão fazendo o mesmo na Amazônia brasileira contra a Venezuela e a Bolívia.
Se os movimentos de oposição de direita em ambos os países pudessem derrubar o governo, os oficiais militares dos EUA poderiam fornecer assistência em poucos minutos com sua nova base de operações.

Como evidenciado acima, a nova invasão silenciosa dos EUA na América Latina, que podemos chamar de “Operação Amazônia”, é algo de que todos devemos estar conscientes e combater ferozmente.

Texto Original de anticonquista.com

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